Metodologia de pesquisa para o seu TCC: aprenda como definir


Elisângela Dias
Elisângela Dias
Gestora de Recursos Humanos

Você decidiu cursar uma pós-graduação para incrementar a sua carreira. Durante as aulas, constatou que para conclusão será necessário definir qual a metodologia de pesquisa que será usada no desenvolvimento do seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). Para quem nunca se deparou com este cenário, ele pode parecer algo complexo.

Descubra como definir a metodologia de pesquisa com a leitura deste artigo e descomplique.

O que é?

A metodologia de pesquisa é um conjunto de procedimentos utilizados na produção de algum conhecimento científico. Estes procedimentos garantem a imparcialidade da produção e o valor acadêmico do TCC. Além disso, a metodologia escolhida gera confiabilidade para o trabalho.

Como definir?

A definição da metodologia depende do objetivo do estudo. Segundo seus objetivos, os projetos de pesquisa podem ser classificadas como:

Exploratório: quando o estudo pretende ampliar o conhecimento a respeito de um problema, construindo assim novas hipóteses a respeito dele.

Descritivo: quando o trabalho pretende enumerar as características de uma determinada população ou evento.

Explicativo: procura determinar as causas de um evento específico, aumentando o conhecimento a respeito desta realidade.

O objetivo exploratório é utilizado quando o assunto é pouco conhecido, ou quando foi pouco explorado por outros. Neste caso, a metodologia empregada é a da pesquisa bibliográfica.

No caso do objetivo descritivo, o trabalho busca um aprofundamento a respeito de um tema. Desta maneira, torna-se mais adequado a metodologia de pesquisa qualitativa. Quando o objetivo da pesquisa é explicativo, pode-se aplicar a metodologia de pesquisa quantitativa ou qualitativa.


Metodologia de pesquisa bibliográfica

Segundo os autores Cleber Cristiano Prodanov e Ernani César de Freitas, estas são as etapas da pesquisa bibliográfica:

  • Escolha do tema;
  • Levantamento bibliográfico preliminar;
  • Formulação do problema;
  • Elaboração do plano provisório do assunto;
  • Busca das fontes;
  • Leitura do material;
  • Fichamento;
  • Organização lógica do assunto;
  • Redação do texto.

Os dados bibliográficos devem ser registrados, destacando-se os mais relevantes. Após este registro, o pesquisador pode iniciar o desenvolvimento de um texto provisório, levando em conta a ordem cronológica dos dados obtidos.

O texto produzido deve ser voltado tanto para o leigo como para o especialista no assunto. Isto porque ele deve servir tanto para o público em geral como para o corpo docente que avaliará o trabalho.

A pesquisa bibliográfica pode ser utilizada em todos os tipos de pesquisa, independente do objetivo de estudo. Isto porque qualquer trabalho de pesquisa necessita de uma parte teórica que o sustente.

Metodologia de pesquisa quantitativa

Edna Lúcia da Silva e Estera Muskat Menezes, autoras de um livro sobre metodologia de pesquisa, definem a pesquisa quantitativa como aquela que procura traduzir em números as opiniões e informações. Visando assim a sua classificação e análise. Desta forma, ela faz uso de técnicas estatísticas.

Segundo Cleber Cristiano Prodanov e Ernani César de Freitas, a metodologia de pesquisa quantitativa é utilizada quando se está à procura de uma relação de causa e efeito entre os fenômenos. Adequada quando o objetivo do estudo é explicativo.

Ao desenvolver a pesquisa quantitativa, é necessário inicialmente definir as hipóteses e as possíveis relações entre as variáveis. Desta forma, garantimos a precisão dos resultados, evitando contradições durante a fase de análise e interpretação.

Entre as técnicas básicas de levantamento de dados para pesquisas quantitativas, podemos destacar a utilização de questionários e entrevistas.

A principal diferença entre os dois é que a entrevista é realizada presencialmente. Ela pode ou não seguir um roteiro de perguntas preestabelecido. No caso dos questionários, as perguntas obrigatoriamente devem ser definidas na mesma ordem para todos os indivíduos.

A entrevista pode ser :

Estruturada: quando o entrevistador organiza as perguntas previamente. Isto facilita o trabalho de análise dos resultados.

Não estruturada: aqui o entrevistador tem maior liberdade para explorar o tema. As perguntas utilizadas são, geralmente, abertas.

Painel: repetição de um grupo de perguntas, aplicado periodicamente, à um mesmo grupo de pessoas. O objetivo é medir as variações nas respostas analisando os padrões que possam existir.

Seja qual o for o caso, é importante planejar a entrevista com cuidado. Desta forma, é possível evitar que alguma pergunta necessária para a pesquisa seja esquecida.

De acordo com as autoras Edna Lúcia da Silva e Estera Muskat Menezes, o questionário deve ser objetivo com tamanho limitado. Conter instruções que expliquem o preenchimento, indique o propósito do inquérito e destaque o valor da participação.

Os tipos de pergunta mais comuns que podem fazer parte de um questionário são:

Fechadas: possuem duas opções de resposta - sim ou não; verdadeiro ou falso.

Múltiplas escolhas: fechadas com várias opções de resposta.

Abertas: “Qual a sua opinião?”

As perguntas devem obedecer uma ordem lógica, com uma linguagem fácil e acessível ao nível de compreensão da população entrevistada. Cada pergunta deve tratar de apenas uma questão. O questionário não deve conter perguntas que não sejam relativas ao tema da pesquisa.

Exemplo de pesquisa quantitativa:

Maria é uma estudante de sociologia que decidiu fazer o seu TCC sobre a “Banalização da sexualidade feminina nas redes sociais”.

Após optar pela abordagem quantitativa, ela define uma amostra composta por um grupo de adultos de ambos os sexos, da faixa etária dos 25 aos 30 anos.

A seguir, ela optou por aplicar um questionário online criado com ferramentas gratuitas disponibilizadas na internet. As respostas foram sumarizadas em planilhas facilitando a geração de gráficos e tabelas.

No final ela baseou suas conclusões a partir das tradicionais técnicas estatísticas (média, moda, mediana, desvio-padrão, etc).

Metodologia de pesquisa qualitativa

Segundo as autoras Edna Lúcia da Silva e Estera Muskat Menezes, a pesquisa qualitativa leva em conta a relação dinâmica entre o mundo e o sujeito.

Ela parte do princípio que existe um vínculo entre o mundo objetivo e o subjetivo que não pode ser quantificado.

Neste contexto, a interpretação de fenômenos e atribuição de significados estão presentes neste tipo de pesquisa. A análise tende a ser indutiva e não se costuma utilizar técnicas estatísticas.

No pensamento indutivo generalizações são derivadas da observação da realidade concreta. Em outras palavras, constatações individuais servem de premissa para a construir uma generalização.

Por exemplo:

João é mortal.

Pedro é mortal.

Ricardo é mortal.

Sérgio é mortal.

Se João, Pedro, Ricardo, … e Sérgio são homens.

Então todos os homens são mortais.

A análise qualitativa depende de diversos fatores, tais como:

  • Natureza dos dados coletados
  • Extensão da amostra
  • Instrumentos de pesquisa utilizados
  • Pressupostos teóricos que direcionam o projeto

Podemos definir o processo como uma sequência de passos, que incluem:

  • Redução dos dados
  • Categorização dos dados
  • Interpretação dos dados
  • Redação do relatório

Redução dos dados

Para que esta fase seja bem sucedida, é imperativo que os objetivos estejam claros, mesmo que tenham sido alterados ao longo da pesquisa. Quando os objetivos não estão claros corre-se o risco de acumular uma grande quantidade de dados, sem valor para a pesquisa.

Partindo do pressuposto que os objetivos estão claros, esta fase consiste na seleção, simplificação, abstração e transformação dos dados das observações de campo.

Categorização dos dados

Esta é a fase onde os dados são organizados para facilitar a tomada de decisão e conclusões do pesquisador. É possível que um conjunto de categorias tenha sido definido no corpo teórico do projeto. Mas é importante que a análise não fique restrita a este conjunto. Nesta etapa é possível descobrir novos conteúdos que não eram tão óbvios anteriormente.

Interpretação dos dados

Mesmo que o objetivo do estudo seja descritivo, o valor do projeto aumenta se o pesquisador procurar acrescentar algo ao que já existe sobre o tema.

Procurar por novas relações de causa e efeito pode demandar diversas ações. A releitura das anotações, retorno à pesquisa de campo e procura por literatura adicional.

Redação do relatório

Diferente dos extensos relatórios produzidos a partir dos estudos de campo, o relatório conclusivo deve seguir alguns requisitos. Segundo o autor Antonio Carlos Gil, o pesquisador deve levar em conta a clareza, concisão, precisão e objetividade.

Exemplo de pesquisa qualitativa

Ana está cursando uma pós-graduação em psicologia. Ela decidiu fazer o seu TCC a respeito dos “Medos que as crianças enfrentam enquanto estão hospitalizadas e suas relações com a recuperação”.

Após optar pela abordagem qualitativa, ela define uma amostra composta por um grupo de pais e crianças de um hospital de oncologia de sua cidade.

Em seguida, ela prepara um questionário com perguntas abertas avaliando vários aspectos sobre o tema. A seguir, ela conduz as entrevistas com os pais e os filhos utilizando o questionário como base.

Após terminar as entrevistas, Ana trabalha com a informação obtida procurando simplificar, abstrair e transformar os dados. Visando facilitar suas conclusões ela procura categorizar os dados. A seguir ela procura por novas relações de causa e efeito que ainda não foram estudadas por outros pesquisadores.

Finalmente Ana começa a produção do relatório buscando a maior clareza, concisão, precisão e objetividade.

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Elisângela Dias
Elisângela Dias
Graduada em Gestão de Recursos Humanos pela Universidade Estácio de Sá em 2004. Pós graduada em Gestão de Projetos pela Universidade Cândido Mendes em 2007.