A previdência privada funciona como uma poupança em que realizamos um investimento que deve se tornar uma aposentadoria. Todo o dinheiro pode ser resgatado na forma de renda ou em valor integral.
Para escolher a melhor opção, é preciso estar atento aos planos e a forma que será tributado. Isto porque os valores no final podem variar. Portanto, o ideal é entender como funciona e como calcular cada tipo de plano, antes de pensar em como pagar.
Qual plano de previdência privada escolher?
Existem dois tipos de planos de previdência privada:
- Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL)
- Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL)
Quando escolher o PGBL?
O PGBL é o plano de previdência mais indicado se você:
- Possui rendimentos altos;
- Faz a declaração do imposto de renda em modelo completo (muito optada por quem possui muitas despesas dedutíveis);
- Já contribui para a previdência social;
- Pretende contribuir com até 12% de seu salário bruto.
A maior vantagem desse plano é que o imposto de renda será calculado sobre o salário sem a contribuição.
Isto quer dizer que, por exemplo, se alguém com salário de R$ 10 mil paga R$ 1.200 de previdência privada, tem o desconto de IR apenas sobre os R$ 8.800 restantes, ou seja, existe um benefício fiscal e mais dinheiro no bolso todo mês.
Já a desvantagem é que, ao resgatar, o imposto incidirá sobre toda a quantia acumulada. Ou seja, se no total estiverem R$ 500 mil entre contribuições e juros, o tributo será pago sobre este mesmo valor e uma boa parte vai para o governo.
Quando escolher o VGBL?
O VGBL é o plano mais indicado se você:
- Possui baixos rendimentos;
- Faz a declaração do imposto de renda em modelo simplificado (em que existe uma única dedução de 20% para os rendimentos), ou nem declara;
- Pretende poupar em mais de 12% do salário bruto.
Esse plano acaba por sofrer os descontos com o imposto de renda. Porém, ao final, quando resgatado, a tributação será apenas sobre o ganho de capital (rendimento) do valor investido.
É possível também fazer dois planos diferentes, principalmente se você pensa em descontar mais de 12% do salário para este fim. Dá para fazer um PGBL com no máximo 12%, mais um VGBL com a diferença adicional.
Além dos planos, é preciso verificar quanto tempo será investido todo esse dinheiro. Novamente, atente-se aos impostos para não perder nada com o investimento.
Qual forma de tributação escolher?
Existem duas formas de tributar a previdência privada e que fazem os valores finais serem diferentes.
Porém, é possível escolher a opção que não seja desfavorável, entre a tabela progressiva ou regressiva do imposto de renda. Isto no ato do contrato da previdência.
O que é o regime progressivo?
Pelo regime progressivo, as tributações são idênticas ao de quando calculamos nosso salário líquido. Por isso, será mais vantajoso se você pensa em resgatar a previdência dividida em rendas.
Assim, o pagamento de imposto é maior, quanto mais dinheiro for investido. Logo, quanto maior o valor de resgate, mais será tributado. Basta conferir a tabela abaixo, disponibilizada pela Receita Federal:
Base de cálculo (R$) | Alíquota | Parcela a deduzir (R$) |
---|---|---|
Até 1.903,98 | 0% | 0,00 |
De 1.903,99 até 2.826,65 | 7,5% | 142,80 |
De 2.826,66 até 3.751,05 | 15% | 354,80 |
De 3.751,06 até 4.664,68 | 22,5% | 636,13 |
Acima de 4.664,69 | 27,5% | 869,36 |
O que é o regime regressivo?
Pelo regime regressivo, a tributação diminui conforme o tempo que a previdência vai ficar investida. Por isso, será mais vantajosa se você pensa em resgatar a previdência em valor integral.
O resgate do valor por completo também depende do tempo que você pensa em investir na previdência. Confira a tabela abaixo:
Tempo de aplicação | Alíquota |
---|---|
Até 2 anos | 35% |
De 2 a 4 anos | 30% |
De 4 a 6 anos | 25% |
De 6 a 8 anos | 20% |
De 8 a 10 anos | 15% |
Acima de 10 anos | 10% |
Por exemplo, se o dinheiro estiver investido durante 40 anos, passará 30 anos com descontos ao imposto de renda de apenas 10%. Mas, claro, o dinheiro tem que ser resgatado todo ao final.
Para quem procura uma aposentadoria em forma de renda temporária, esta será descontada pela tabela progressiva do ano que você queira se aposentar.
Além disso, é preciso estar atento aos outros encargos que as empresas de previdência complementar cobram. Muitos bancos disponibilizam simuladores de previdências na internet, que podem ajudar a escolher o que for mais adequado à sua realidade.
Taxas cobradas por planos de previdência privada
Procure se informar a respeito das taxas cobradas pelos planos de previdência privada. Este não é o tipo de informação que aparece destacada nas publicidades, mas pode fazer grande diferença.
Taxa de carregamento
É uma taxa cobrada logo no início do investimento com o objetivo de cobrir despesas administrativas e de corretagem da empresas administradora do plano.
Os percentuais podem variar, mas via de regra eles diminuem o valor inicial aplicado.
Por exemplo: se a taxa de carregamento for de 3% e você aplicou inicialmente R$ 1.000, ocorrerá um desconto de R$ 30. E, na verdade, serão investidos R$ 970.
Taxa de administração
Essa taxa é cobrada pelo trabalho de administrar o fundo de investimento.
Geralmente, o valor dos rendimentos é apresentado já com o valor dessa taxa descontado. Não deixe de perguntar a respeito para que você seja capaz de comparar as opções existentes.
Taxa de carregamento postecipada
Também conhecida como taxa de saída, geralmente incide por conta de resgates antecipados.
Algumas instituições trabalham com valores decrescentes em função do tempo. Neste caso, quanto mais tempo você deixar o dinheiro aplicado, menor será a taxa cobrada por um resgate.
Rentabilidade dos planos de previdência
Dependendo das taxas cobradas pelo plano de previdência privada, a rentabilidade pode acabar sendo menor do que em outros tipos de aplicações. Procure sempre pela menor taxa de administração e de carregamento.
Outro fator que irá influenciar a rentabilidade da previdência privada está na qualidade dos ativos escolhidos pelos administradores do fundo de previdência.
Essencialmente, um plano de previdência privada é um investimento de longo prazo. Alguns especialistas da área financeira preferem classificar a previdência privada como um seguro, em vez de um investimento. Tanto que os planos são regulamentados pela Superintendência de Seguros Privados (Susep).
Por último, vale a pena lembrar que os planos de previdência privada não são garantidos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Este é um instrumento visa proteger os investidores. A segurança fica totalmente a cargo da instituição que oferece o plano.
Veja também: